segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Fim do Mundo com Mafalda



As férias estão me fazendo ficar um pouco de fora de assuntos interessantes para eu divagar por aqui, estou mais repensando fatos pessoais e não gosto de escrever sobre isso, além disso meu contato com muitas pessoas diminui nessa época e 'gente' que me inspira, normalmente.

Porém, uma personagem imaginária, e de muito sucesso, me fez analisar o que vivemos hoje de outra maneira, a Mafalda. Um personagem criado pelo Quino para os quadrinhos de jornais que acredito que todos já ouviram falar pelo menos uma vez na vida. É claro que aqueles que conhecem um pouco - isso significa só leu algo em alguma gramática da escola - que seja desta garotinha saberá que ela tem esse lado de crítico sobre a realidade em que vive, ou seja, no período em que o Quino a desenhava quase como uma máquina. 

Para quem não sabe a Mafalda, como conhecemos hoje, nasceu em 1969 - mesmo seu desenho já existindo anos antes - e a maior parte da sua obra foi criada no meio de problemas sérios ocorrendo no mundo, talvez até um dos períodos mais tensos da nossa História, no contexto de Guerra Fria e Guerra Civil. Onde o que predominava era a idéia de que a qualquer momento um dos lados iria jogar uma bomba capaz de destruir o mundo. Essas informações superficiais que estou dando são baseadas nas tiras da Mafalda, que não deixam de ser um documento sobre a sociedade da época.

Com esse pequeno esboço não quero fazer uma discussão marxista sobre se ela é ou não burguesa ou coisas do tipo, o que prendeu minha atenção com as várias passagens sobre os problemas enfrentados no período é justamente como a sociedade daqueles anos viam a sua situação perante o mundo. Nesse mesmo caminho o paralelo com as dificuldades atuais é inevitável, qual assunto não gera mais polêmica e, muitas vezes, o medo senão a situação climática?

A fragilidade com que nos aparece a Terra só pode ser vista como o começo do fim, mais uma vez, o Mundo está acabando. É, mais uma vez. A noção de fim do mundo sempre me pareceu perigosa, pois desde o ano 1000 d.C. que as pessoas acham que o fim está próximo - não foi assim em 2000/2001?! Mas nunca tinha parado para pensar nessa mesma idéia de fragilidade durante a Guerra Fria. Pode até ser meio óbvio (e é!), mas a questão está em como a nossa visão é muito análoga com as daquelas pessoas dos anos 60/70. Obviamente, o período de tempo não tão distante assim - tanto que os problemas climáticos já eram discutidos -, mas a certeza de um fim próximo era tão palavreada quanto hoje. Se formos pensar talvez estivesse mais próximo mesmo, uma bomba nuclear destruiria de uma forma inimaginável, ou melhor, destruiu. A sorte (ou azar?) que não foi o mundo inteiro.

No entanto, não estou querendo dizer que problemas climáticos não existem e que não devemos fazer nada, pelo contrário, sei que as conseqüências serão enormes e também sei que mudanças grandes não irão ocorrer no tempo necessário - assim como a Mafalda sou bastante cética quando se trata da humanidade. Ainda assim, não acredito que o mundo vá acabar ou que nós vamos entrar em extinção, nesta questão em tenho sérias dúvidas. Porém, falar nesses extremos é importante para tentar fazer com que líderes 'cabeças-duras' desse mundo afora também se amedrontem. Mesmo Conpenhage mostrando que isso não irá ocorrer.

Uma defesa ao fim do mundo para que este não aconteça.