quinta-feira, 26 de março de 2009

Dança: magia e sensações


Chego algumas horas antecipadas para fazer uma aula antes do grande momento. Sempre espero um ano inteiro para aquele dia. Coreografias, figurino, maquiagem, coque, camarim e a incrível sensação de passar um dia - ou melhor três dias - inteirinho no lugar mais mágico que existe: o Teatro. Um local onde tu esquece do mundo horrível lá de fora e se concentra naquilo que mais ama. Tudo ali é inspirador, o clima frio, o cheiro de pés, gente e carpete, tudo misturado, que contribui para que todas as lembranças tenho um gostinho ainda mais especial. Único lugar da cidade que posso andar de tchutchu, sapatilha de ponta, coroa de princesa e um casaco por cima de tudo e ainda tirando foto sem ninguém me chamar de louca. Único lugar que já descobrir passagens secretas e comi escondida um milhão de baboseiras. Bom, começa a aula. Com ela aquele suor prazeroso que me mostra o quão estou viva e movimentos que me faz ganhar ainda mais vida. Depois da aula uma rápida passagem no palco e tenho uma das visões mais lindas do teatro: cadeiras vermelhas vazias com os detalhes em dourado que me levam para bem longe e ocupo mentalmente cada lugar com alguém especial e observando tudo aquilo está o grandioso e imponente lustre, acredito que a maior obra de arte daquele lugar. Pronto, está montado o espaço que me faz sentir toda aquela dança entrando pelos poros. Após a passar a coreografia inicia aquela dor habitual no dedo do pé, mas o nervosismo para voltar ali e mostrar para todos aquilo que trabalhei com tanto afinco me faz esquecer todas as dores. Volto para o camarim e começo um ritual delicioso, fazer aquela maquiagem que ressalta a beleza do rosto de qualquer mulher. Depois de todas nós prontas voltamos para o palco e ficamos ouvindo o burburinho das pessoas chegando, acabo ficando ainda mais ansiosa. Toca os três sinais para começar os espetáculo e todas corrrem para os bastidores para ficar olhando encolhidas e silenciosamente o início daquele mundo mágico. Mãos suando frio, cabeça pensando em tudo aquilo que tenho que fazer e ao meu lado, tão nervosa quanto eu, aquela que me acompanhava em tudo e ali nós nos dávamos força e coragem. Entramos no palco. Primeiro sinto a força das pernas enrijecidas pelo frio darem sinal de vida, depois sinto a luz do holofote grandioso banhando meu corpo com sua luz quente. Esta luz com certeza me incomodaria, mas a sensação de dançar e usar todos os cantinhos do meu corpo faz com que o holofote me reconforte e, depois de focar meu olhar, enxergar toda aquela pláteia com todas as atenções para o incrível palco traz uma felicidade indescritível para mim. Aplausos. Pisquei e acabou. Agora é só sair com aquele enorme sorriso para receber aqueles que acreditaram em mim. E abraçar a minha maior companheira.
Acredito que voltarei ao palco do TAA no final de abril, depois de um ano sem subir lá, e a vontade de dançar se mistura com a sensação de vazio, por ela não dançar ao meu lado. Nem ensaiar comigo, nem ficar nervosa comigo, nem chorar comigo!


Pensarei em você quando estiver lá em cima.

quinta-feira, 19 de março de 2009

A evaporação da essência.

Começei esse mês o segundo período do meu cusro de História e entre outras cadeiras iniciei Teorias da História. O que gostaria de "devanear" por aqui é sobre algo um pouco mais filosófico que discutimos ontem na aula mas, não se preocupem, não irei falar sobre História e suas teorias (algo realmente complicado!). Descobri hoje que para alguns autores pós-modernos natureza não existe mais e, o mais interessante, nem nós. Como assim? Eles acreditam que somos apenas simulação daquilo que um dia fomos. Instigando o professor (que viaja mais que muitos filósofos!) começei a perceber o quanto isso faz sentido. Primeiro que essa noção de simulação é algo bem complexo, pois não é nem o dito real nem algo totalmente inexistente, já que tudo aquilo que nos faz sentir algo não pode ser considerado inteiramente fantasioso. Bom, a noção de somos simulacos é muito perceptível e irei falar sobre o mesmo exemplo da aula. A busca da nossa essência. O que na verdade não existe mais, pois o que se busca hoje? Dinheiro, fama, carreira. Queremos ser reconhecidos por essa mania de nos tornar a qualquer custo memória, ou seja, de alguma forma imortais - e, diferentemente do que muitos pensam, isso é uma construção histórica, não algo natural do homem. Esta não busca pela essência está nos destruindo, não porque nos afasta ainda mais de achá-la (até porque nem sabemos ao certo o que é essência), mas sim porque dessa forma paramos de olhar para o nosso interior. E, ao meu ver, chegamos a esse ponto por pararmos de refletir sobre tudo ao nosso redor. E todas as criações desse mundo consumista são nossas facetas de acomodações. Além disso perdemos um dos pilares da nossa condição humana, a noção do que sentimos. Como posso dizer que amo alguém se não entendo aquilo que estou sentindo? Será nossos gostos e sentimentos são nossos ou são formas generalizadas de se viver?
Essa noção - ou a falta dela - sobre os sentimentos me fez pensar no meu blog. Percebo agora que meus textos também são uma forma de entender aquilo que sinto ou penso sentir ou aquilo que apenas penso. E, com certeza, é isso que falta nesses humanos que já não existem mais. Como diz um grande professor que passou pela minha vida: Penso; Sinto, Logo Existo.

sexta-feira, 6 de março de 2009

8 de março




Dia Internacional da Mulher. Comemoro essa data mesmo antes de saber o que ela significa para mundo, ou pelo menos dizem que significa. Me orgulho dessa data por algo diferente que todo mundo e por isso de forma bem mais verdadeira, pois passar um ano inteiro renegando mulheres e as inferiorizando não me mostra sentido nesse dia. A data "especial" é só mais uma forma de esconder problemas e fantasiar um mundo que ainda não temos. Bom, mas a minha comemoração do dia 8 de março, com certeza, é bem mais bonita, verdadeira e especial que essas reportagens insignificantes sobre mulheres. Não festejo gêneros, nem raças, nem postos. Celebro pessoas! E nesse dia, principalmente, uma pessoa em especial. Alguém que não precisa ser mulher para ser homenageado, que possui uma qualidade muito maior que ser mulher, Ele é humano. E com todas as qualidades que uma pessoa precisa ter para ser tão amada. O meu pai é invejável não por ser mulher, claro, mas por possuir uma forma extinta de Conquistar mulheres. Nasceu no dia delas não por acaso, pois ele consegue tocar as mais diferentes mulheres e tranformá-las em pessoas cada vez melhores de um jeito único. Com aquele seu sorriso fácil, seu lema de nunca se estressar e seu caráter admirável ele conquista, todo dia, mulheres mais que especiais para o seu lado. É mais invejável ainda por conquistar não só mulheres, mas pessoas! E pessoas de verdade, com medos, sonhos, lutas, erros...mas pessoas que acreditam nele e o respeitam por isso. No aniversário do meu pai não celebro seu posto de pai (tem um dia pra isso também), mas celebro o ser humano incrível que ele é. Uma pessoa que me espelho e tento ser, pelo menos, metade do que ele representa para mim. Nesse dia da mulher a minha homenagem vai para um Grande homem e para as mulheres que o ajudam a ser este grande homem.




Uma homenagem ao meu pai e às mulheres da vida dele.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Apenas um conto.


Era para ser mais um encontro como todos os outros, se encontravam trocavam algumas palavras e se derretiam em carícias. Porém alguma coisa tinha mudado, ela podia sentir. As palavras já não existiam e o silêncio tornava o clima ainda mais pesado, mesmo assim, eles não conseguiram evitar os beijos. As coisas estavam um pouco mecânica para o seu gosto, mas algo a impedia de parar tudo aquilo e ir embora, até o choro que segurava não foi suficiente para tirá-la correndo dali. Até que ela começou a enxergar toda aquela triste cena de outra forma, os abraços e beijos também eram um jeito de dizer " eu te amo" e depois de tudo que tinham passado, depois de tanta mágoa guardada por ambos essa era a melhor forma de se entenderem no momento. Foi então que deixou seu sentimento transbordar através de gestos e olhares, até que no fim soltou suas sinceras lágrimas de felicidade e teve certeza de que no final tudo dá certo. E aquele abraço apertado foi seu jeito te dizer que ia cuidar dele.
P.S. : História meramente fictícia.